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Por que a morte de Colin Creevey foi a mais triste de todas.

"Ele parecia minúsculo na morte."


A morte tem uma papel importante na existência de Harry Potter. A morte marcou seus primeiros anos e depois o seguiu pelo resto de sua vida, como um Sinistro pairando em cada esquina. Mas Harry não era o único perseguido pela mortalidade: Jorge perdeu sua metade, a vida de Dumbledore foi marcada pelas tragédias de sua família e a existência de Petúnia era manchada pelas memórias que a sua falecida irmã deixou.

Nunca é nos dado uma trégua, um momento para respirar. Mesmo quando comemoramos a vitória na Batalha de Hogwarts, toda a alegria era mitigada pelos entes que perdemos, espalhados pelo chão. Você não precisa ver Snape como uma figura heroica para considerar sua morte uma tragédia. Da mesma forma que Lupin e Tonks deixaram seu único filho é impensável.

Não estamos fazendo um ranking das mortes. Já derramamos muitas lágrimas por todos acima e por várias outras. E mesmo assim... Há bons motivos para se afirmar que a morte de Colin Creevey foi talvez a mais triste de todas.

A razão central foi sua total falta de programação. Quando Harry encontrou Colin pela primeira vez, sua reação foi familiar: o reconhecimento, a adoração de herói, o brilho nos olhos ao ver a cicatriz.

– Tudo bem, Harry? Sou... Colin Creevey – disse o menino sem fôlego, adiantando-se hesitante. – Sou da Grifinória também. Você acha que tem algum problema se... posso tirar uma foto? – acrescentou, erguendo a máquina esperançoso. - Harry Potter e a Câmara Secreta


O que diferenciava Colin dos demais era o fato de que sua admiração nunca mudava - ao contrário, seu espanto ao encontrar um ídolo se transformou em admiração por Harry como pessoa. Muitas pessoas que seguiam Harry faziam apenas pelo fato de serem associados ao Eleito e se afastavam rapidamente quando as opiniões contrárias a ele prevaleciam. Quando, por exemplo, a maioria achava que Harry era o herdeiro de Salazar Slytherin e que ele estava incitando os ataques aos alunos nascidos trouxas, vários de seus seguidores se afastaram. A lealdade deles era atrelada à fama; eles não o conheciam de verdade. Hermione e Rony se mantiveram leais á Harry. E Colin também embora essa lealdade só tenha lhe rendido perigo.

– Que aconteceu? – cochichou Madame Pomfrey para Dumbledore, debruçando-se sobre a estátua na cama. – Mais um ataque – respondeu Dumbledore. – Minerva encontrou-o na escada. – Havia um cacho de uvas ao lado dele – disse a professora. – Achamos que ele estava tentando chegar aqui escondido para visitar Potter. O estômago de Harry deu um tremendo salto. Lenta e cuidadosamente, ele se ergueu alguns centímetros para poder ver a estátua na cama. Um raio de luar iluminava o rosto de expressão fixa. Era Colin Creevey. Seus olhos estavam arregalados e, as mãos, erguidas diante dele, segurando a máquina fotográfica. - Harry Potter e a Câmara Secreta

Essa lealdade nunca desvanecia. Embora Colin fosse se tornar um personagem secundário nos livros seguintes, suas aparições sempre eram marcadas com admiração e respeito. Ele queria apresentar Harry a seus amigos; ele queria se certificar de que Harry conhecesse seu irmão. Isso não se devia apenas para que as pessoas tivessem mais consideração por ele mas simplesmente porque ele gostava de Harry sem segundas intenções. Em um mundo onde Harry era cercado por hordas que o conheciam apenas por sua história, Colin gostava dele pelo que ele era.


Essa lealdade se manifestou novamente em "Harry Potter e a Ordem da Fênix" quando Colin demonstrou sua bravura ao se tornar um dos primeiros membros. Ele era um bruxo nervoso, raramente batalhador mas sua afinidade com Harry o deixou ansioso para lutar do lado do bem embora o tivesse ameaçado deixá-lo em situação de perigo.

Harry teve a sensação de que estava carregando uma espécie de talismã no peito, nas duas semanas seguintes, um segredo luminoso que o ajudou a suportar as aulas de Umbridge e até tornou-lhe possível sorrir insossamente ao encarar os olhos horríveis e saltados da professora. Ele e a AD estavam resistindo debaixo do nariz dela, fazendo exatamente o que Umbridge e o Ministério mais temiam, e sempre que devia estar lendo o livro de Wilberto Slinkhard, durante as aulas, ele se regalava com as agradáveis lembranças das reuniões mais recentes, revendo como Neville conseguira desarmar Hermione, como Cólin dominara a Azaração de Impedimento depois de se esforçar três reuniões seguidas, como Parvati executara um Feitiço Redutor com tanta perfeição que reduzira a pó a mesa em que estavam os bisbilhoscópios. - Harry Potter e a Ordem da Fênix

É essa mesma lealdade, talvez sua principal característica, que foi sua perdição. Na Batalha de Hogwarts, Colin se rebelou contra ordens para ficar seguro e retornar ao castelo, permanecendo, uma última vez, do lado de Harry Potter. E foi onde ele morreu.

Então Neville quase colidiu com ele. Era um dos dois que traziam um cadáver dos jardins. Harry olhou para baixo e sentiu outra pancada surda no estômago: Colin Creevey. Embora menor de idade, devia ter voltado escondido como tinham feito Malfoy, Crabbe e Goyle. Ele parecia minúsculo na morte. – Sabe de uma coisa? Posso carregá-lo sozinho, Neville – disse Olívio Wood, e colocou Colin sobre o ombro, como fazem os bombeiros, e levou-o para o Salão Principal. Neville encostou-se no portal por um momento e secou a testa com o dorso da mão. Parecia um velho. Em seguida, voltou a descer a escada e entrou pela escuridão para resgatar mais corpos. - Harry Potter e as Relíquias da Morte


A morte de Colin foi devastadora não apenas por ser a morte de alguém tão jovem mas porque foi a morte de uma alma pura; um personagem intocado pela ganância, ódio ou crueldade. Ele permaneceu durante todo seu tempo em Hogwarts, a mesma encarnação de alegria que ele era desde o primeiro dia. Seja conhecendo uma celebridade bruxa ou seu irmão sendo empurrado para dentro do lago de Hogwarts, tudo para Colin era visto com excitação contagiante.

Muitas pessoas do mundo de Harry Potter são heróis e conseguiram seu momento na ribalta. Veja Neville, empunhando a espada de Grifinória sob sua cabeça, decapitando a amada Nagini do Lord Voldemort. Colin, quase literalmente, se contentava em ficar por trás das câmeras. Não sabemos como ou pela mão de quem ele morreu - não como Dumbledore caindo de uma balaustrada nem como Snape que foi abatido pelas próprias mãos de Voldemort - e não houve drama no momento em que seu pequeno corpo foi levantado por sob o ombro e colocado para descansar entre centenas de outros.

O final de sua curta vida foi uma morte pequena, o tipo de passagem que passa despercebida, esquecida. E isso a torna a mais triste de todas.

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